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Emoções Algarvias IV

Terça-feira, 31.05.11

  

  

 

 

Porque será que nós temos  

na frente, aos montes, aos molhos,

tantas coisas que não vemos

nem mesmo perto dos olhos?

 

Gosto do preto no branco,  

como costumam dizer:

antes perder por ser franco

que ganhar por não ser.

  

 

 

Entre leigos ou letrados, 

fala só de vez em quando,

que nós, às vezes, calados,

dizemos mais que falando.

 

Quando te vês mal, e dizes 

que preferias a morte,

pensa que outros menos felizes

invejam a tua sorte.

 

 

 

 

Quando os homens se convençam  

que a força nada faz,

serão felizes os que pensam

num mundo de amor e paz.

António Aleixo

(Quadras Soltas) 

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publicado por VANDOVSKY às 08:09

Emoções Algarvias III

Domingo, 29.05.11

 

 Julgando um dever cumprir,

Sem descer no meu critério,

- Digo verdades a rir

Aos que me mentem a sério!

 

Que importa perder a vida

na luta contra a traição

se a razão mesmo vencida

não deixa de ser razão

 

 

A arte em nós se revela

Sempre de forma diferente:

Cai no papel ou na tela

Conforme o artista sente

  

Quem prende a água que corre

É por si próprio enganado;

O ribeirinho não morre,

Vai correr por outro lado.

 

 

  

Quando os Homens se convençam

Que à força nada se faz,

Serão f’lizes os que pensam

Num mundo de amor e paz.

António Aleixo

(Quadras Soltas) 

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publicado por VANDOVSKY às 09:07

Emoções Algarvias II

Terça-feira, 24.05.11

   

Embora os meus olhos sejam

os mais pequenos do Mundo,

o que importa é que eles vejam

o que os homens são no fundo.

 

Uma mosca sem valor

poisa c’o a mesma alegria

na careca de um doutor

como em qualquer porcaria.

 

 

Não sou esperto nem bruto

nem bem nem mal educado:

sou simplesmente o produto

do meio em que fui criado.

  

Queremos ver sempre à distância 

o que não está descoberto,

Sem ligarmos importância

ao que está à vista e perto.

 

Ser artista é ser alguém!

Que bonito é ser artista...

Ver as coisas mais além

do que alcança a nossa vista!

António Aleixo

(Quadras Soltas) 

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 08:05

Emoções Algarvias

Domingo, 22.05.11

 

 

Forçam-me, mesmo velhote,

de vez em quando, a beijar

a mão que brande o chicote

que tanto me faz penar.

   

Porque o mundo me empurrou,

caí na lama, e então

tomei-lhe a cor, mas não sou

a lama que muitos são.

  

    

A vida na grande terra   

corrompe a humanidade. 

Entre a cidade e a serra 

prefiro a serra à cidade.

 

O mundo só pode ser  

melhor do que até aqui,

- quando consigas fazer

mais p'los outros que por ti!

 

 

 

  

Para não fazeres ofensas 

e teres dias felizes,

não digas tudo o que pensas,

mas pensa tudo o que dizes.

António Aleixo

 (Quadras Soltas)

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publicado por VANDOVSKY às 18:05

Lisboa e ... emoções

Sábado, 27.02.10

 

 

 

 

 

No Castelo ponho um cotovelo

Em Alfama descanso o olhar

E assim desfaço o novelo

De azul e mar

 

À Ribeira encosto a cabeça

Almofada da cama do Tejo

Com lençóis bordados à pressa

Na cambraia de um beijo

 

Lisboa menina e moça, menina

Da luz que os meus olhos vêem, tão pura

Teus seios são as colinas, varina

Pregão que me traz à porta, ternura

 

Cidade a ponto luz bordada

Toalha à beira mar estendida

Lisboa menina e moça, amada

Cidade mulher da minha vida

 

 

 

  

 

 

No Terreiro eu passo por ti

Mas na Graça, eu vejo-te nua

Quando um pombo te olha sorri

És mulher da rua

 

E no bairro mais alto do sonho

Ponho o fado que soube inventar

Aguardente de vida e medronho

Que me faz cantar

 

Lisboa menina e moça, menina

Da luz que os meus olhos vêem, tão pura

Teus seios são as colinas, varina

Pregão que me traz à porta, ternura

 

Cidade a ponto luz bordada

Toalha à beira mar estendida

Lisboa menina e moça, amada

Cidade mulher da minha vida

 

Lisboa do meu amor, deitada

Cidade por minhas mãos despida

Lisboa menina e moça, amada

Cidade mulher da minha vida

Ary dos Santos

 

 

Lisboa com suas casas 

De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.

Álvaro de Campos, in "Poemas"

Heterónimo de Fernando Pessoa

 

 

 

 

Balada de Lisboa

 

               Em cada esquina te vais

Em cada esquina te vejo

Esta é a cidade que tem

Teu nome escrito no cais

A cidade onde desenho

Teu rosto com sol e Tejo

 

Caravelas te levaram

Caravelas te perderam

Esta é a cidade onde chegas

Nas manhãs de tua ausência

Tão perto de mim tão longe

Tão fora de seres presente

 

Esta e a cidade onde estás

Como quem não volta mais

Tão dentro de mim tão que 
Nunca ninguém por ninguém

Em cada dia regressas

Em cada dia te vais

 

Em cada rua me foges

Em cada rua te vejo

Tão doente da viagem

Teu rosto de sol e Tejo

Esta é a cidade onde moras

Como quem está de passagem

 

 

Às vezes pergunto se

Às vezes pergunto quem

Esta é a cidade onde estás

Com quem nunca mais vem

Tão longe de mim tão perto

Ninguém assim por ninguém 

 

 

 Manuel Alegre, in "Babilónia"

 

 

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 20:00

Porto e ... costumes

Sexta-feira, 26.02.10

 

 

A Vendedeira do Porto                       O Aguadeiro

 

 

Dobrada à Moda do Porto

 

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,

Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

 

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

 

 

 

 

Banheira Foz do Douro                                Padeira

 

 

"ImPORTO-me"

 

ImPORTO-me contigo porque te amo

E não quero ver-te em vil servidão

Sendo mote para escárnio ou maldição

ImPORTO-me contigo

Porque és cinza e verde e invicta

E granítica e nobre e leal

E constróis e exportas o nome de Portugal.

ImPORTO-me porque és Porto

És povo, és berço, és cidade

És palavra, honra e dignidade

És mar revolto e Douro adormecido

És nevoeiro cerrado és neblina doce

És trabalho e luta contra o Poder

És antes quebrar que torcer

És a coragem do Norte

A brisa de Verão e o vento inclemente e forte

És mágoa e a dor bendigo

Mas não serás nunca bobo bajulador ou mendigo

ImPORTO-me contigo

E morro amando-te Meu Porto”

 

 

Maria de Lurdes dos Anjos (Professora)

Nobre Povo Tripeira Gente”

Gailivro

 

 

 

Polícia Civil                                        Vareira

 

Dicionário Tripeiro


A canalha - Crianças, catraios

 

À hora do meio-dia - à hora do almoço

À Meia-hora - Ao meio-dia e meia hora

À minha beira - Ao pé de mim

Aguça - Apara-lápis

Aleijar - Magoar

Alguidar - Recipiente de barro para o arroz de forno

Aloquete - Cadeado

Apanhador - Pá do lixo

Apetitoso - Salgado

Assadeira - Pingadeira

Assapateirado – Mal feito, acabado à pressa

Azeiteiro - Bimbo

Bacia - Alguidar

 

Bagem – Feijão verde

Baronas ou priscas - Beatas

Bijú, moléte - Papo-seco

Bolacha maria - Gaja gorda com cara redonda

Borracha - Elástico

Bouça - Terra com mato

Breca - Cãibra

Broche - Pregadeira

Bueiro - Sargeta

Bufar - Soprar

c*g*-tacos - Pessoa baixinha

Calcadela – Pisadela

Calcar - Pisar

Caleira - Algeroz

Cameleira – Japoneira

Carapins - Botinhas de lã para bebé

 

Carteira – Mala

Catotas – Macacos do nariz

Chibar - Denunciar, fazer queixa

Chuço, guarda-chuva - Chapéu de chuva

Ciclistas – Feijões-frade

Cimbalino ou café - Bica

Coador - Passador

Conduto - Prato principal

Cordões - Atacadores

Coturnos - Peúgas

Cruzeta - Cabide

Damasco - Alperce

Dar aos calcantes - Dar à sola

Embufado - Amuado, ressentido

Entalar-se - Engasgar-se

Ervas - Esparregado

Esbotenado - Lascado

Espilrar - Espirrar

Espinhas - Borbulhas

Estrugido - Refogado

 

Fatia de rolo - Fatia de torta

Fazer o comer - Cozinhar

Ferrar - Morder

Finguelinhas - Pessoa magrinha

Fino - Imperial

Fiúza - Pessoa esperta

Foguete na perna - Malha nos collants

Guarda-sol – Chapéu de sol

Iscas - Pataniscas

Jeco - Cão

Lapada - Sova, tareia

LaBagice - Mistela, mistura de comidas

Limpar os salões - Tirar macacos do nariz

Lôstra - Chapada na cara

Magnório - Nêspera

 

Malga - Taça

Mirolha - Vesgo/a, Estrábico/a

Môina - Polícia

Murcão - Estúpido, de raciocínio lento, pasmado

Ourado - Enjoado, tonto

Ouras - Tontura, vertigem

 

Pascácio - Tolo

Penca - Couve portuguesa

Picheleiro - Canalizador

Pinchar - Saltar, pular

Pingo - Garoto

Pisaduras- Nódoas negras

Porrão - Pote de barro

 

Porta moedas – Carteira

Pote - Penico

Prato sopeiro e ladeiro - Prato de sopa e prato liso

Quarto de banho - Casa de banho

Rêpas - Franja

Ruço - Loiro

Saca – Saco de plástico

Salgalhada – Confusão, trapalhada

Sameira - Carica

 

Sapatilhas - Ténis

SaraiBa - Granizo

SaraiBar - Cair granizo

Sertã - Frigideira

Sôstra, sostrôna - Preguiçosa, desmazelada

Sostrice - Preguiça, moleza

 

Tacão – Salto alto

Testo - Tampa de panela

Tijelinha - Pastel de nata

Touço - Pacóvio, labrego

Toutiço - Cabeça

Trengo/a - Desajeitado, inábil, tosco

Trilhar - Entalar

Tripas - Dobrada

Trolha - Trabalhador da construção civil (engate de trolha, bronzeado à trolha…)

Tropas ou mangalas - Feijão Verde

Volta de ouro - Fio de ouro

 

A Cadeirinha do Porto                            Ferro Velho

 

Azeiteiro                                                Saloia

 

Porto Sentido


Quem vem e atravessa o rio

Junto à serra do Pilar
vê um velho cas
ario
que se estende ate ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
erigida sobre um monte
no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.

E esse teu ar grave e sério
dum rosto de cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria

Ver-te assim abandonado
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa

 

 


 

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publicado por VANDOVSKY às 22:51

Amor / Amizade...

Quarta-feira, 24.02.10

  

 

 

  

Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem

dentro do seu coração. 

William Shakespeare 

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publicado por VANDOVSKY às 08:00

Tudo o que faço ou medito

Segunda-feira, 22.02.10

 

 

 

 

 

 

Tudo o que faço ou medito

Fica sempre na metade.

Querendo, quero o infinito.

Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim fica

Ao olhar para o que faço!

Minha alma é lúcida e rica

E eu sou um mar de sargaço –

Um mar onde bóiam lentos

Fragmentos de um mar de além...

Vontades ou pensamentos?

Não o sei e sei-o bem.

 

Fernando Pessoa

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publicado por VANDOVSKY às 08:00

Viver...

Domingo, 21.02.10

O Homem não é mais do que o seu próprio projecto e só existe na medida em que o realiza!!

 

Jean-Paul Sartre

 

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 19:12

Provérbio Árabe

Domingo, 10.01.10

 

 

 

  

 

"Aquele que sabe e sabe que sabe

 é sábio -segue-o


Aquele que sabe e não sabe que sabe
está a dormir -
acorda-o


Aquele que não sabe e não sabe que não sabe
é um idiota -
enxota-o


Aquele que não sabe e sabe que não sabe
é simples -
ensina-o
"

 

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publicado por VANDOVSKY às 11:34





      

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