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João e o pé de feijão

Domingo, 22.12.13

 

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Era uma vez um rapaz chamado João. Ele vivia com a sua mãe numa casa muito modesta. A mãe estava desempregada e só tinha uma pequena horta onde cultivava todo o tipo de legumes. Às vezes, eles passavam fome mas escondiam essa situação dos vizinhos e dos familiares.

  

 

 

Com muito sacrifício, a mãe comprara uma vaca mas já não conseguia sustentá-la convenientemente e decidiu vendê-la. O rapaz ficou com muita pena, pois gostava muito dela e tratava-a muito bem: dava-lhe de comer e beber e mimava-a. Na escola, a professora ensinara-o a respeitar os animais.

 

Um dia, a mãe pediu-lhe para levar a vaca até à feira e vendê-la pelo melhor preço. Pelo caminho, encontrou um homem que lhe fez uma proposta tentadora: trocar a vaca por um punhado de feijões que disse serem mágicos. João não hesitou, pois pareceu-lhe ser uma troca justa.

 

Contrariamente ao que o João previra, a mãe achou que ele tinha feito um negócio ruinoso e, num gesto de cólera, atirou os feijões pela janela. João nem esboçou sequer um protesto. Ficou muito arrependido e foi-se deitar, muito triste, pois contribuíra involuntariamente para aumentar as dificuldades da mãe.

 

 

  

Na manhã seguinte, João acordou sobressaltado. Pareceu-lhe ouvir um ruído lá fora. Levantou-se, espreitou pela janela da cabana e ficou estupefacto: um enorme feijoeiro crescera junto à janela. João correu para o exterior.

 

As crianças são curiosas… e João não era excepção. Sem hesitar, começou a trepar, ou melhor, a escalar aquela planta gigantesca, altíssima, que crescera,sem dúvida, de um feijão mágico. O rapaz recuperou a boa disposição habitual.

 

Corajosamente, trepou, trepou, trepou, até passar acima das nuvens. Quase tocava no céu. Quase sem fôlego, o rapaz continuou a sua escalada. Parecia nunca mais ter fim.

 

Até que, finalmente, chegou ao cimo do feijoeiro. Com enorme surpresa, como se fosse um sonho, João viu um castelo maravilhoso, tal como os castelos encantados, com as suas torres pontiagudas a perfurarem o céu.

 

 

O João seguiu por um caminho à beira de precipícios. A porta estava aberta e reinava o silêncio. Cheio de curiosidade, mas um pouco receoso, entrou no castelo.

 

Quando chegou ao salão, reparou num armário cheio de ovos de ouro. Em cima da mesa, estava uma galinha e uma harpa estranha e brilhante, que também atraíram a atenção do João.

 

Subitamente, ouviu o som de passos assustadores que faziam estremecer o chão e uma voz cavernosa ecoou pelo castelo.

 

Subitamente, ouviu o som de passos assustadores que faziam estremecer o chão e uma voz cavernosa ecoou pelo castelo.  

 

 

“Toca”, gritou novamente o gigante, dirigindo-se à harpa. Ela tocou a mais bela melodia que alguma vez João ouvira. Ficou tão maravilhado que pensou: “Quem me dera dar aquela harpa à minha mãe!”

 

Entretanto, o gigante adormeceu, ao som daquela melodia.

 

João saltou do armário, trepou pela perna da mesa e agarrou

rapidamente a galinha e a harpa. Depois, correu o mais depressa possível para fora do castelo.

 

 

“Socorro”, gritou a harpa, ao sentir-se agarrada, tentando acordar o gigante. As pernas do João responderam com uma correria desenfreada a caminho do feijoeiro salvador.

 

O gigante acordou sobressaltado, ainda a tempo de ver o rapaz a fugir do castelo. “Vou-te apanhar! Fi, Fi, Fó, Fum! Mau como eu não há nenhum!”, gritava ele. Apressadamente, João começou a descer o feijoeiro.

 

O gigante vinha mesmo atrás dele.

 

”Vou-te apanhar! Fi, Fi, Fó, Fum! Mau como eu não há nenhum!”, continuava o gigante, agarrando-se ao feijoeiro.

 

Quando terminou a descida, João gritou “Mãe, corta o feijoeiro! DEPRESSA!”

 

 

Rapidamente, a mãe foi buscar um machado e cortou, cortou, cortou tanto o feijoeiro, que ele tombou com um estrondo enorme. O mesmo destino teve o horrível homenzarrão.

 

A partir daquele dia, O João e a mãe puderam levar uma vida feliz, sem pobreza.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 06:33

Lenda da Árvore de Natal

Sábado, 21.12.13

 

 

 

Quando o Menino Jesus nasceu, todas as pessoas e animais e até as árvores sentiram uma imensa alegria.
Do lado de fora do estábulo onde o Menino dormia, estavam três árvores: uma palmeira, uma oliveira,e um pequeno pinheirinho.
Todos os dias as pessoas passavam e deixavam presentes ao Menino.


 

- Nós também Lhe deviamos dar prendas! - disseram as árvores.
- Eu vou dar-lhe a minha folha mais larga - disse a palmeira - quando vier o tempo do calor ele pode abanar-se com ela e sentir-se mais fresco.
Então disse a oliveira : 
- E eu vou dar-lhe óleo.Perfumados óleos poderão ser feitos a partir do meu sangue.
- Mas que lhe poderei dar eu?
- Perguntou ansioso o pequeno pinheiro.
- Tu? Os teus ramos são agudos e picam - disseram as outras duas árvores.

 -Tu não tens nada para lhe dar. 

 

 

O pequeno pinheiro estava triste. Pensou muito,muito,em qualquer coisa que pudesse oferecer ao Menino que dormia, qualquer coisa de que o Menino pudesse gostar. Mas não tinha nada para lhe dar.

Então um anjo, que tinha ouvido a conversa toda, sentiu pena da arvorezinha que não tinha nada para dar ao Menino.
As estrelas estavam a brilhar no céu. Então o anjo, muito de mansinho, trouxe-as uma a uma cá para baixo, desde a mais pequeina à mais brilhante e colocou-as nos ramos pontiabgudos do pinheiro. Dentro do estábulo, o Menino acordou. E olhou para as três árvores do lago de lá da gruta , contra a escuridão do céu.De repente as folhas escuras do pinheiro brilharam, resplandecentes, porque nelas as estrelas descansavam como se fossem elas. 

 

 

Que lindo estava o pequeno pinheiro, que não tinha nada a oferecer ao Menino...
E o Menino Jesus levantou as mãozinhas, tal como fazem os bebés, e sorriu para as estrelas e para aquela árvore que lhe iluminara a escuridão da noite.
E desde então o pinheiro ficou a ser, para todo o sempre, a Árvore de Natal. 


(História tradicional inglesa)

 

 

 

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 11:11

As três lebres

Quinta-feira, 08.12.11
 

 

Havia noutros tempos um rei que tinha uma filha, que dizia que só se casaria com um homem que conseguisse inventar uma adivinha que ela não conseguisse adivinhar. Durante muito tempo muitos pretendentes tentaram criar uma advinha que a princesa não adivinhasse, mas nenhum conseguiu até que um aldeão muito esperto decidiu partir para o palácio, sem saber ainda o que havia de perguntar à princesa.

 

Montou a cavalo, sem mais bagagem do que o seu livro de orações e sem  farnel de qualidade alguma.  

 

Durante o caminho teve fome e sede, mas não havia ali em tal descampado nem comer nem água, então o aldeão encontrou um coelho morto no chão e assou-o com a bíblia que levava e comeu-o. A sede era, porém, cada vez maior; ele fez o cavalo ir rapidamente e com um chapéu bebeu o suor que escorria do animal.

 

Chegado ao castelo, viu muitos fidalgos que perguntavam adivinhações à princesa e ela tudo adivinhava. Então ele, depois de terem falado, levantou-se e disse:

 

 

 

 

"Comi carne sem ser caçada

Em palavras de Deus assada

Bebi água que não foi do céu caída,

Nem também na terra nascida.

Adivinhai agora, princesa, se de tanto sois capaz."

 

 

A princesa pediu três dias ao aldeão para tentar adivinhar, reconhecendo que esta tinha sido a advinha mais difícil que tinha ouvido. Ficou o aldeão no palácio à espera que a princesa adivinhasse; mas logo no primeiro dia foi ter com ele uma aia da princesa que lhe disse:

 

- Explicai-me o que hoje perguntastes à princesa e far-vos-ei tudo o que me pedirdes.

 

Respondeu o aldeão:

 

- Explicar-vos-ei tudo daqui a três dias, se me deixardes ficar esta noite no vosso quarto

 

Disse logo a aia que sim e fez-lhe uma cama no chão do seu quarto, quando apanhou a aia a dormir tirou-lhe uma saia e guardou. No outro dia fez o mesmo com outra aia da princesa, e no terceiro dia fez o mesmo com a princesa, que não sabendo o que tinha acontecido às aias, deixou que ele pernoitasse no seu quarto com a condição de ele contar a adivinha, e roubou-lhe o seu chambre de dormir, que era de finas rendas. No quarto dia, logo pela manhã, foi o aldeão explicar a adivinhação às aias e à princesa .

 

Quando chegou a hora de a corte reunir para ouvir a resposta da princesa, esta respondeu:

 

- A carne sem ser caçada, em palavras de Deus assada, era um coelho que encontraste morto no caminho e que assaste no teu livro de orações. A água sem ser da terra nascida, nem do céu caída , era o suor do teu cavalo.

- É verdade – respondeu o aldeão.

 

Então o  rei ordenou ao aldeão que fosse para a sua terra pois nada tinha esperar. Mas ele disso logo:

- Já que a princesa é tão inteligente, peço-lhe que adivinhe agora esta:

 

 

 

"Quando neste palácio entrei

 Três lebres encontrei,

Todas elas esfolei;

E as peles delas mostrarei."

 

 

 

 

Quando ia para mostrar as saias das aias e o chambre a princesa esta levantou-se logo e disse:

 

- Basta, basta, serás meu esposo, pois és o homem mais esperto que aqui tem vindo.

 

Adolfo Coelho

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publicado por VANDOVSKY às 07:40

Natal transmontano

Segunda-feira, 05.12.11

 

 

Era uma menina pobre como todos os meninos daquela aldeia do Nordeste Transmontano. Não pedia bonecas porque ela própria as fazia de trapos. Para dizer a verdade não conhecia outras!...Era feliz com as riquezas que tinha, aquela menina.

 

Na sua aldeia não havia Pai Natal, nem publicidade, nem prendas, nem correrias!...

 

Havia solidariedade, amor, fraternidade. Havia um Menino Jesus pequenino, aquele que beijava na Missa do Galo. Era esse Menino que lhe deixava no sapatinho, junto à lareira, o saquinho com figos secos, amêndoas, rebuçados e às vezes, uma moeda de dez ou vinte e cinco tostões.

  

 

Como é possível que aquele Menino desça a todas as lareiras, sem se sujar na fuligem das paredes? Como é possível que aquele Menino, quase despido, não morra de frio?

 

Adormeceu e sonhou com aquele Menino que tinha beijado na Missa do Galo. Correram juntos pelos telhados à procura duma telha partida por onde pudessem descer até ao sapatinho de todos os meninos.

Acordou cedo no dia de Natal e correu até o sapatinho. Estava vazio!

 

 

  

Desiludida e achando que o Menino já não gostava dela, uma lágrima deslizou-lhe na sua face rosada. Reflectindo, depressa percebeu que o Menino se tinha atrasado porque tinham nascido mais meninos naquela aldeia!

 

Instantes depois, como que por magia, lá estava o saquinho com figos secos, amêndoas, rebuçados e uma moeda de vinte e cinco tostões!...

 


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publicado por VANDOVSKY às 07:00

Chá e companhia...

Sábado, 26.11.11

 

 

Uma xícara de Chá

 

Nan-In, um mestre japonês durante a era Meiji (1868-1912), recebeu um professor de universidade que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.

Nan-In, enquanto isso, serviu o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante, e continuou a enchê-la, derramando chá pela borda.

O professor, vendo o excesso se derramando, não pode mais se conter e disse:

"Está muito cheio. Não cabe mais chá!"

"Como esta xícara," Nan-in disse, "você está cheio de suas próprias opiniões e especulações. Como posso eu lhe demonstrar o Zen sem você primeiro esvaziar sua xícara?"

 

 

Os Poderes Sobrenaturais

 

Certa manhã, o Mestre Daie, ao levantar-se, chamou seu discípulo Gyozan e lhe disse:

"Vamos fazer uma disputa para saber quem de nós dois possui mais poderes sobrenaturais?"

Gyozan retirou-se sem nada responder. Dali a pouco, voltou trazendo uma bacia com água e uma toalha. O mestre lavou o rosto e enxugou-se em silêncio. Depois, Daie e Gyozan sentaram em ante uma mesinha e ficaram conversando sobre assunto diversos, tomando chá.

Pouco depois, Kyogen, outro discípulo, aproximou-se e perguntou:

"O que estão fazendo?"

"Estamos fazendo uma competição com nossos poderes sobrenaturais", respondeu o Mestre, "Queres participar?"

Kyogen retirou-se calado e logo depois retornou trazendo uma bandeja com doces e biscoitos.

O Mestre Daie então dirigiu-se aos seus dois discípulos, e exclamou:

"Na verdade, vós superais em poderes sobrenaturais Sariputra, Mogallana e todos os discípulos de Buddha!"

 

 

 

Chá ou Paulada

 

Certa vez Hakuin contou uma estória:

"Havia uma velha mulher que tinha uma casa de chá na vila. Ela era uma grande conhecedora da cerimônia do chá, e sua sabedoria no Zen era soberba. Muitos estudantes ficavam surpresos e ofendidos que uma simples velha pudesse conhecer o Zen, e iam à vila para testá-la e ver se isso era mesmo verdade.

"Toda vez que a velha senhora via monges se aproximando, ela sabia se eles vinham apenas para experimentar o seu chá, ou para testá-la no Zen.

Àqueles que vinham pelo chá ela servia gentil e graciosamente, encantando-os.

Àqueles que vinham tentar saber de seu conhecimento do Zen, ela escondia-se até que o monge chegasse à porta e então lhe batia com um tição.

"Apenas um em cada dez conseguiam escapar da paulada..."

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 18:56

Canta, Surrão!

Segunda-feira, 20.12.10

 

 

 

EM tempos que já lá vão, havia uma viúva que tinha uma filha, de nome Beatriz, que era o seu “Ai Jesus". A menina, uma grande curiosa, nunca saía da beira da mãe, sem que esta lhe dissesse:

 

-Tem cautela, Beatriz, vê lá onde metes o nariz! Apesar, porém, deste aviso, a cachopita, muito embora prometesse ser ajuizada, mal se via longe da mãe, coscuvilhava tudo, acontecendo-lhe, por isso, constantes e desagradáveis surpresas. Metia o dedo no frasco da pimenta e ficava com a língua em fogo; mexia na ratoeira dos ratos e trilhava-se. Assim, a pobre mãe andava sempre em sobressaltos e a queixar-se aos vizinhos:

- Ai, senhora Míquelína, qualquer dia fico sem a minha menina!

- Ai, senhor Ferreira, que cuidados! Esta filha é os meus pecados ...

Certa vez, por alturas do S. João, as outras raparigas da terra vieram pedir à mãe de Beatríz, que a deixasse ir com elas tomar banho ao rio. A mãe, após muito instada, consentiu. Largou dali, portanto, o rancho, não sem que antes, e como de costume, aquela aconselhasse à filha que procedesse com tino, para que lhe não sucedesse nenhum mal. A menina prometeu seguir o conselho. Mas, chegada ao rio, a sua cabecinha oca já de nada se lembrava. E, no momento de se meterem à água, disse-lhe uma das companheiras:

- Tira os teus brincos e põe-nos em cima de uma pedra, visto que te podem cair na água.

Beatriz assim fez e entrou depois no rio com as amigas. Ora, estando todas a chapinarem-se, veio uma pega e roubou os brincos e, logo em seguida, passou pelo mesmo local um velho, com um surrão ao ombro. Terminado o banho, Beatriz deu por falta dos brincos e desatou a chorar. E as companheiras, então, sugeriram:

- Se calhar, foi o velho quem os roubou.

A menina não quis ouvir mais, largando a correr no encalço do velho. E, como sucedesse alcançá-lo, rogou- -lhe:

- Dê-me os meus brincos, santinho!

- Tu estás maluca, rapariga? Ceguinho seja, se tos roubei ...

Beatriz acreditou, mas, vendo-lhe o saco e ardendo em curiosidade de saber o que ele continha, fingiu que não acreditara e retorquiu:

- Quem mais jura mais mente... Cá para mim, vocemecê tem-nos escondidos no surrão.

- Ah, ele é isso? Pois então espreita - vociferou o velho, muito zangado.

Beatriz meteu a cabeça e, no mesmo instante, o velho empurrou-a para dentro dele e fechou-o, pondo-o às costas e seguindo jornada. Quando as outras pequenas apareceram sem a companheira, a pobre viúva, por entre lágrimas, lamentou-se:

- Eu não lhe dizia, senhora Miquelina, que ficaria sem a minha menina?

- Veja, senhor Ferreira, no que deu a asneira!

O velho, ao passar entretanto a serra, abriu o surrão e disse para a pequena:

- Daqui em diante, hás-de-me ajudar a ganhar a a vida. Eu ando pelas estradas, feiras e romarias a pedir e, quando disser:

 

Canta, surrão,

Senão levas com o bordão

 

tens de cantar por força. Toma sentido ...

Decorreu algum tempo, espalhando-se a fama do velho, que tinha um surrão encantado. O povinho acorria de todas as bandas, para certificar-se da maravilha. E o velho ordenava, de cajado ao alto:

 

Canta, surrão,

Senão levas com o bordão


E logo o saco, ou antes uma voz dentro dele, cantava:

 

Estou metida neste surrão,

Onde a vida perderei,

Por amor dos meus brinquinhos

Que na fonte deixei.

 

As gentes abriam a boca e enchiam o chapéu, sebento e esburacado, do velho com belas moedas de cobre e prata. E, com isto, o marau engordava, ao passo que a menina  emagrecia por obra das saudades da mãe e dos maus tratos recebidos.

- Deixe-me voltar para casa, tiozinho! - pedia ela, de mãos erguidas.

- Não sejas calaceira, rapariga! Canta mas é, pois quem não trabuca não manduca ... - replicava-lhe ele, dando-lhe um bofetão.

De tanto o saco cantar, chegou a novidade do caso aos ouvidos das autoridades, que trataram de saber onde pousava o velho. E, sabido isto, apanharam-no a dormir e revistaram o saco, encontrando assim a menina, que, coitadinha, de tão fraca que estava, mal já se tinha nas pernas. O velho, de castigo, foi obrigado, de futuro, a trazer  sempre o surrão cheio de pedras. E a menina voltou para junto da mãe, que lhe disse:

-Viste, Beatriz, não tomaste emenda e ias morrendo por um triz!

Mas a menina teve, doravante, muito juizo e, por isso, acabou-se a história.

 

Colecção Formiguinha

Editorial Infantil MAJORA

Porto - Portugal

Livro nº 22

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publicado por VANDOVSKY às 09:00

Uma história singular

Domingo, 19.12.10

 

 

 

Uma linda manhã de Outono andava uma galinha a passear melancólica, debaixo duma parreira, quando um bago de uva combalido, desprendendo-se do cacho, lhe caíu precisamente sobre a crista vermelhinha. Assustadíssima, desatou a correr até encontrar um galo.

 

- Onde vais com tanta pressa, querida e formosa amiga? - perguntou ele um pouco ironicamente.

- Vou avisar El-rei de que o céu está a cair. Há bocadinho caíu-me um pedaço tão grande em cima da cabeça, que por milagre não me matou.

- Nesse caso vou contigo.

 

E ambos se deitaram a correr, até que encontraram um pato, que lhes preguntou surpreendido:

 

- Mas o que é que aconteceu?

- Vamos avisar El-rei de que o céu está a cair.

- Nesse caso, eu também vou.

 

E desataram a correr, até que encontraram um ganso.

 

- Mas, o que é isso, meus amigos? - preguntou ele assustado.

- Vamos avisar El-rei de que o céu está a cair.

- Nesse caso, eu também vou.

 

E a galinha, e o galo, e o pato, e o ganso, desataram a correr, até que encontraram um pavão, que lhes preguntou, gritando:

 

- Mas, o que vem a ser isso, queridíssimos amigos?

- Vamos avisar El-rei de que o céu está a cair.

- Nesse, caso, eu também vou.

 

E desataram a correr, até que encontraram uma raposa.

 

- O que significa tanta pressa? - perguntou ela, sorrindo.

- Vamos avisar El-reí de que o céu está a cair.

- Mas, têm a certeza de que é este o caminho para a cidade?

- Não; realmente não sabemos ... - disseram todos ao mesmo tempo, desconcertados, a olhar uns para os outros.

- Ah! então, tiveram sorte, com o meu encontro - disse a raposa. - Eu vou ensinar-lhes o verdadeiro caminho: chegam lá rapidamente. Queiram ter a bondade de me seguir.

 

E seguiram atrás dela. Por fim, pararam ao pé dum subterrâneo, e a raposa exclamou:

 

- Podem entrar. É esta uma das portas secretas da cidade.

 

Entraram todos, e, uma vez lá dentro, foram comidos pela raposa, pelo marido e pelos filhos.

E tudo isto por causa dum bago de uva.

(A. Boto)

 

"Baloiçando"

Leituras para a 2ª classe

Ensino primário elementar

Livraria Bertrand

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publicado por VANDOVSKY às 00:05

As três maçãzinhas de oiro

Quarta-feira, 08.12.10

 

Estamos no tempo do Natal, no tempo de confraternizar, no tempo da magia, da fantasia, da ilusão e por isso o tempo das histórias, contadas à lareira pelos nossos avós, ou contadas por nós aos nossos filhos... Enfim... Aqui fica então mais uma história de tempos que já lá vão... Vamos festejar o tempo da alegria...

 

 

ERAM uma vez três irmãos. O mais pequenino tinha os olhinhos azuis, o cabelo loiro e as faces rosadas como cerejas. Era assim muito bonito. E quanto a bom coração nem se fala. Certa vez, dera a sua merenda a um pobrezinho; e outra encontrando um cãozito que tinha a perna partida, tomá- ra-o ao colo e transportára-o para casa, onde cuidara: dele até que sarasse. Em contrapartida, os seus dois manoseram feios e invejosos. Ora uma manhã, indo o mais pequenino dos irmãos para a serra com as suas cabrinhas, pois era pastor, viu num quintal, à beira do caminho, uma macieira carregada de belas maçãs. E disse-se:

 

- Ah, quem me dera trincar aquelas maçãs! São, na verdade, de fazer crescer água na boca...

Mas, muito embora no quintal não se visse ninguém, o menino seguiu em frente, visto o seu bom coração não lhe permitir que as roubasse. Chegando à serra, puseram-se as cabrinhas a pastar. E o menino, enquanto as guardava, mais uma vez desabafou, porém agora em vós alta:


-Ah,quem me dera trincar aquelas maçãs! São, na verdade, de fazer crescer água na boca...


Palavras não eram ditas, surgiu junto de si uma fada com três maçãs numa das mãos, que, estendendo-lhas, lhe falou assim:


-Não tenhas pena, meu lindo menino, das maçãs do caminho, porque não só é muito feio roubar como também porque eu dou-te estas, que valem muito mais, pois são de oiro e livram o dono da morte. Por isso, não as dês a ninguém... a não ser aos teus paizinhos. E cotinua a portar-te bem, que Nosso Senhor sempre te ajudará ...

 

Por artes de berliques e berloques, sumiu-se a fada, deixando o rapazito muito satisfeito com a prenda. Mas veio a tardinha, e o menino tomou o caminho de casa, mais as suas cabrinhas. E, andando um largo pedaço do caminho, apareceram-lhe os dois manos, que, ao verem asmaçãzinhas de oiro, logo as cobiçaram e lhas pediram. Ele negou-se, porém, a dar-lhas. Então, os irmãos bateram-lhe tanto com um pau, que ele caiu por terra como morto. Posto isto, tentaram abrir-lhe as mãos, para
lhe tirar as maçãzinhas. Mas qual quê?! Quanto mais esforço despendiam, mais as mãos dele apertavam as maçãs. E, vendo que eram inúteis todas as suas tentativas, abriram uma cova e enterraram-no. Pensaram os pais do menino que tinham sido os lobos da serra os ausadores do seu desaparecimento e, por isso, julgando-o já na barriga dos mesmos, choraram grossas lágrimas, pois eram muito seus amigos.

Mas, na cova daquele, não tardou que crescesse uma cana. E um pastor cortou-a e fez dela uma flauta. A levá-Ia porém aos lábios, e ela, em vez de tocara dizer:


 

Toca, toca, ó pastor,

Os meus irmãos me mataram,

Por três maçãzinhas de oiro,

E ao cabo não as levaram.


 

Perante tamanha maravilha, o pastor, encontrando daí a pouco um carvoeiro, propôs-lhe:

 

- Amigo, toca nesta flauta, que ouvirás coisa de espantar!

 

O carvoeiro assim fez, e logo a flauta:


 

Toca, toca, ó carvoeiro,

Os meus irmãos me mataram,

Por três maçãzinhas de oiro,

E ao cabo não as levaram.


 

Passou a flauta de mão em mão, repetindo-se sempre,


com pequenas variações, os dizeres, até que foi ter às dos pais do meru no. E, levando-a estes aos beiços, a mesma também afirmou:


Toca, toca,ó meu pai

Toca, toca, ó minha mãe,

Os meus irmãos me mataram,

Por três maçãzinhas de oiro,

E ao cabo não as levaram.


 

Largaram os pais a flauta e logo perguntaram ao pastor onde a cortara. E, este, sem se fazer rogado, depressa os conduziu ao local. Aí, cavando, encontraram o menino, que imediatamente abriu os olhinhos e se ergueu,
a oferecer-lhes as maçãzinhas, com as seguintes palavras:

 

-Tomai-as,que estais velhos e, com tal remédio, não há mal que vos pegue.

 

E os pais, guardando as maçãzinhas, gozaram de boa saúde durante muitos e muitos anos. Até que, cansados de tanto viver, as devolveram ao filho e foram descansar dos seus trabalhos no regaço de Nosso Senhor. E àquele sucedeu o mesmo, quando, por sua vez, a entregou ao seu filho. E os dois irmãos mal va-
dos?


Oh a esses roeu-lhes a inveja e a vergonha o coração...

- E depois?


“Morreram as vacas

Ficaram os bois".

FIM

"Colecção Formiguinha", nº 1

Editorial Infantil Majora

 

 

Outros Natais

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publicado por VANDOVSKY às 11:55

Mocho comi...

Quinta-feira, 24.12.09

 

 

 Uma história que o meu avô materno nos contava, nas noites frias, quando estavamos à lareira

 

O Mocho e a Carriça

 

A Carriça – uma avezinha do bosque – estava muito feliz, no seu ninho, construído por ela num dos ramos mais altos de um carvalho. Sentia-se assim tão feliz porque lhe tinha acabado de nascer uma grande ninhada de filhinhos. Cantava, cantava, para eles, a fim de os adormecer, como qualquer mãe carinhosa.

 

         

Enquanto ela estava assim, neste enlevo, passou por ali uma Raposa gulosa que imediatamente sonhou com um bom almoço. Muito matreira dirigiu-se à Carriça, nestes termos: 

 

- Olá, comadre Carriça! Estás muito contente, hoje!

 

- Pudera! Não hei-de estar? Tenho aqui os meus filhinhos junto de mim e canto para os adormecer.
- Aí, é? Então, atira-me para cá um! – respondeu a raposa.

 

- Atirar um dos meus filhinhos? Nem penses nisso! Tanto que eu gosto deles!!!

 

Olha que se não me atiras um, cá para baixo, o meu rabo rabazolão deita o teu carvalho ao chão!!!

 

 

A pobre mãe, receando um mal maior, atirou, com grande desgosto do seu coração, um dos carricinhos.

 

A Raposa imediatamente o engoliu e partiu, nada satisfeita, para outro lugar.

 

        

 

No dia seguinte, à mesma hora, voltou a passar para junto da grande árvore onde se encontrava o ninho da Carriça. A pobre avezinha estava da mesma maneira, a cantar para os filhinhos que ainda tinha.

 

De novo, a Raposa meteu conversa com a Carriça:

 

 

- Então comadre Carriça, continuas contente!!! ...

 

- "Contente?! " – respondeu-lhe a Carriça. Não sejas má! Canto, mas estou triste e tu bem sabes porquê!!!

 

- Ora, ora … Atira-me para cá outro! …

 

- Outro??? … - respondeu-lhe a Carriça toda indignada.

 

- Isso é que eu não faço! Vai-te embora, malvada! Não tens coração!

 

- Olha que o meu rabo rabazolão deita o teu carvalho ao chão!!! – repetiu a raposa para meter medo à Carriça.

 

Esta coitadinha, mais uma vez pensou que se o carvalho caísse perderia os filhinhos! Então, chorando, atirou-lhe mais um dos carricinhos.

 

A Raposa, depois de o engolir, desatou a correr e desapareceu por entre as árvores do bosque.

 

A Carriça ficou soluçando, soluçando…

 

        

Mais tarde, passou por ali o Mocho Sábio que é muito amigo de todas as aves. Ouvindo o choro da Carriça, perguntou-lhe o que se passava. Esta, pobrezinha, explicou-lhe tudo o que a Raposa lhe dissera e como já tinha perdido dois dos seus filhinhos.

 

O Mocho , então, respondeu à Carriça:

 

- O quê? E tu acreditaste que a Raposa seria capaz de deitar o carvalho abaixo?! Ela só diz mentiras! Não tem força para isso!

 

Se ela voltar a passar por cá e te pedir outro dos teus filhinhos, responde-lhe assim: - Rabo de raposa não corta carvalho, só braço de homem ou gume de malho - ela que experimente a ver se é capaz de deixar cair uma árvore tão alta e forte. Está bem? Faz como te digo.

 

 

Assim foi. A Carriça, cheia de coragem, esperou que a raposa voltasse!

 

Mal ela se aproximou, pensando que teria outro bom almoço, já a Carriça estava preparada para lhe responder.

 

 

- Que tens hoje, Carriça, que não cantas?! – perguntou a Raposa com voz matreira.

 

- Não, não canto! – respondeu a avezinha com voz forte.

 

- Aí, não?! Então se não cantas atira-me cá para baixo um dos teus bebés!

 

- Isso é que tudo querias, mas não consegues! – respondeu a Carriça bem do alto da árvore!

 

- Olha que o meu rabo rabazolão deita o teu carvalho ao chão!!! – disse de novo a raposa.

 

E a carriça respondeu prontamente:

- Rabo de raposa não corta carvalho, só braço de homem ou gume de malho. Experimenta! Vamos ver se és capaz!

 

        

 

Nesse momento, a Raposa compreendeu que ia ficar mal colocada e, então, disse:

 

- Estás hoje muito sabida!!! Quem te ensinou isso?!

 

A Carriça com coragem retorquiu:

 

- Foi o Mocho Sábio!

 

- E onde está ele? – perguntou a Raposa.

 

- Olha, está lá ao fundo em cima da rocha grande!

 

A Raposa meteu o rabinho entre as pernas e correndo disse "por aí me sigo".

 

O Mocho estava a dormir, muito refastelado, em cima da pedra.

 

A Raposa, sem fazer ruído, abriu a boca e, de um trago, comeu-o, sem o mastigar, sequer.

 

 

Mas, como o Mocho sabia muito e era inteligente, dentro do estômago da raposa pôs-se a pensar na forma como haveria de sair de dentro do bicho. Tinha que ser mais esperto que a Raposa!... E foi!

 

Começou a dizer-lhe:

 

- Ó Raposa, tu de facto, fizeste uma coisa muito importante! Foste capaz de comer o Mocho Sábio! Todas os bichos e todas as pessoas deveriam saber isso!!! Olha grita bem alto: " Mocho comi! " – de maneira que se oiça lá na aldeia!

 

A raposa que era vaidosa, fez como o Mocho lhe disse, abriu a boca e gritou:

 

- Mo…o…o…cho comi…i…!

 

A ave, aproveitando o momento em que a Raposa tinha a boca aberta, saiu-lhe rapidamente da goela, gritando:

 

Haja outro, mas não a mim!

 

 

Versão retirada de :

 

http://www.minerva.uevora.pt/contos/mocho.htm
Feliz Natal

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publicado por VANDOVSKY às 00:01

As caras trocadas

Terça-feira, 15.12.09


Desenho do meu afilhado, Rodrigo Paulino Leitão (aos 6 anos)

 

Era uma vez uma mulher muito má que, havendo casado com um viúvo, tinha uma filha deste e uma enteada. A filha era sovina e feia, feia como um bode, e a enteada, liberal e linda como o Sol.

 

Mal amanhecia, a madrasta gritava para a enteada:

 

 

- Levanta-te, que tens bom corpo para trabalhar. Faz a cama, varre a casa, deita de comer às galinhas e carrega com a lavagem dos porcos. Mas toma cautela, que, se o serviço não fica em termos, moio-te o corpo com pancada.

 

E depois corria ao quarto da filha e dizia-lhe:

 

- Deixa-te estar na cama, minha rica filha, que eu trago-te leitinho e pão com mel. Precisas de repouso, pois andas magrita.

 

À filha enchia-a, a mulher, de paparicos e festinhas e à enteada dava-lhe fome negra e açoites! Ora, uma tarde, a mesma encarregou as duas meninas de irem para o campo, a fim de guardarem a sua vaca, que andava a pastar. À filha entregou-lhe, para a merenda, um cestinho repleto de coisas boas: uma fatia de bolo de chocolate, um pão com marmelada, uma garrafa de leite, além de rebuçados e mais guloseimas. Mas à enteada, coitadita, só lhe deu uma bolorenta côdea de broa...

 

 

Foi decorrendo a tarde e, quando chegou a hora das meninas comerem, surgiu junto delas uma velha muito velha, que era na verdade uma fada disfarçada, que lhes pediu:

 

- Minhas boas meninas, dais-me um bocadinho da vossa merenda?

A enteada partiu logo ao meio a sua côdea e ofereceu-lhe metade. Mas a outra rapariga voltou-lhe a cara. A fada disse consigo: “Isto não pode ficar assim. Uma menina tão boazinha merece recompensa; e uma tão esganada, uma ensinadela...” E pensando deste modo, a fada logo acariciou o cajado, que não era mais do que a sua varinha de condão, e determinou, de forma que elas não ouvissem:

 

- Eu vos fado para que as vossas caras se troquem, a menina feia que se torne bonita e a bonita, feia.

 

Com isto, sumiu-se a fada, e daí a pouco, começou a escurecer. As meninas, tangendo a vaquinha, tomaram o caminho de casa, sem que dessem pela mudança sofrida nas suas pessoas.

 

Quando chegaram à mesma, a madrasta julgou, mercê da referida mudança, que a menina feia era a filha e a bonita, a enteada. Por isso, deu beijinhos e sopinhas de leite à primeira e, à segunda, nova côdea bolorenta de broa, mandando-a em seguida dormir para a loja, sobre a palha húmida, na companhia dos ratos e das teias de aranha.

 

 

 

 

E, de futuro, tudo correu de maneira semelhante, isto é, a enteada a receber mimalhices e a filha, maus tratos.

 

Mas, certo dia, o filho do Rei viu à janela a menina bonita e, de pronto, se enamorou dela, pedindo-le que, à noite, aparecesse de novo à janela, a fim de conversarem. A tratante da mulher ouvira porém tudo e, por isso, mal o prícipe se foi no seu irrequieto cavalo preto, chamou a moça e fechou-a a sete chaves na loja, dizendo à menina feia, que supunha ser a sua filha:

 

- Assim que ficar escuro, põe-te à janela, pois o melhor partido destas terras, o filho do Rei, virá falar contigo. Mas leva um véu, que te esconda a cara...

A menina cumpriu a ordem, mas, como não era capaz de enganar ninguém, quando o Príncipe apareceu, disse-lhe:

 

- Não sei como vos agradastes de mim, meu senhor, visto que sou a rapariguinha mais feia das redondezas!

 

O Príncipe, incrédulo, desatou a rir e retorquiu-lhe.

 

- Então mostra-me a tua cara...

 

A menina assim fez, mas, nesse momento, a fada restitui-lhe a sua formusura. Ao vê-la tão bonita, o Príncipe ainda mais se enamorou dela. E, imediatamente, a pediu em casamento.

 

Chegando o dia da boda, a mulher de novo encerrou na loja a filha e obrigou a enteada a pôr o véu, pois saída da janela, esta, pelas artes da fada, voltara a ser feia. E não se esqueceu de lhe determinar:

 

- Só tiras o véu assim que estiveres casada. 

 

 

 

Seguiu, por conseguinte, a menina com o véu num coche de talha doirada, forrado a cetim branco, que seis cavalos tiravam. E de véu também entrou na igreja e deu a mão ao Príncipe. Mas, logo que o padre os casou, ela arrancou-o, aparecendo sob o seu verdadeiro aspecto, isto é, muito linda. Ou não tivesse a fada a assistir ao acto, misturada com os convidados...

 

Ao vê-la assim, a madrasta teve um chilique. E, recompondo-se, correu a casa e abriu a loja, onde achou a filha, restituída à fealdade. Segundo consta, as duas rebentaram então de inveja...

 

 

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