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A cerimónia do chá II

Segunda-feira, 20.01.14

 

 

 

 

A rotação da tijela

 

Um aspecto importante do decurso da cerimónia do chá I é a maneira de segurar na tigela em que se serve a infusão. Os japoneses não tomam numa chávena com asa, como os ocidentais, mas sim em pequenas tigelas decoradas com motivos orgânicos, que podem evocar os ramos de uma árvore, folhas ou uma flor, e servem para distinguir a parte da frente da tigela parte de trás.
Esta decorada - ou mais colorida que o resto - deve estar sempre de frente para o anfitrião enquanto este prepara o chá e, em seguida, gira-se para que fique de frente para os convidados na altura de ser servido. Quando estes provam a infusão, a frente da tigela deve de novo ficar virada para o anfitrião.
A tigela é sempre segurada com a mão direita, e é esta mesma mão que realiza a rotação da tigela no decurso da cerimónia. A mão esquerda só serve de apoio.

 

  

 

 

Depois de beber o chá, a tigeja deixa-se sobre a mesa e o convidado permanece em contemplação durante alguns segundos, com os olhos pousados no fundo da tigela.
Na altura de retirar os utensílios do chá, observa-se um princípio curioso: há que pegar nos objectos leves como se fossem pesados, e nos objectos pesados como se fossem leves. Este é, seugundo parece, um dos segredos da elegância da cerimónia do chá.
 

 

 Na companhia do chá

O Silêncio

Num templo remoto nas montanhas do Japão, quatro monges zen decidiram fazer um retiro que exigia silêncio absoluto. Fazia muito frio, e quando uma rabanada de ar gelado penetrou no templo, o monge mais jovem exclamou:

 

- Apagou-se a vela!

 

 

- Porque é que falaste? – respondeu-lhe o monge mais idoso. – Estamos a fazer uma cura do silêncio!

 

 

- Pergunto-me porque é que estão os dois a falar em vez de fechar a boca como tínhamos decidido! – gritou, indignado, o terceiro monge.

 

- Eu fui o único que não falou! – declarou, satisfeito, o quarto monge.

 

 

 

 

 

 

Bibliografia:

"Paixão pelo Chá"

Circulo de Leitores - Outubro 2009

 

 

 

 

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 17:34

A cerimónia do chá I

Segunda-feira, 28.11.11

 

 

 

A cerimónia do chá (cha no yu), apesar da auréola de mistério que a envolve, tem, na realidade, uma motivação de base extremamente simples: a de um pequeno grupo de amigos que se junta para partilhar uma refeição, beber chá em conjunto e apreciar um breve momento de tranquilidade, longe das preocupações do dia a dia...

 

 

O costume foi introduzido no Japão no século XII, juntamente com o zen-budismo.

Os monges utilizavam o chá verde em pó para manterem-se acordados durante suas meditações noturnas. O hábito tranformou-se em filosofia, com a proposta de alcançar a paz com uma xícara de chá dando início ao chanoyu.

 

 

Nesta cerimônia, todo e qualquer movimento possui um significado de valorizar e purificar os utensílios, a sua beleza e a alma da pessoa. É um ritual a saber e a seguir, pois a ocasião assim o exige. Com bolachas, bolos, compotas, leite ou sem "acompanhantes", são vários os sabores que se poderão apreciar.  

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 08:55

Chá e companhia...

Sábado, 26.11.11

 

 

Uma xícara de Chá

 

Nan-In, um mestre japonês durante a era Meiji (1868-1912), recebeu um professor de universidade que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.

Nan-In, enquanto isso, serviu o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante, e continuou a enchê-la, derramando chá pela borda.

O professor, vendo o excesso se derramando, não pode mais se conter e disse:

"Está muito cheio. Não cabe mais chá!"

"Como esta xícara," Nan-in disse, "você está cheio de suas próprias opiniões e especulações. Como posso eu lhe demonstrar o Zen sem você primeiro esvaziar sua xícara?"

 

 

Os Poderes Sobrenaturais

 

Certa manhã, o Mestre Daie, ao levantar-se, chamou seu discípulo Gyozan e lhe disse:

"Vamos fazer uma disputa para saber quem de nós dois possui mais poderes sobrenaturais?"

Gyozan retirou-se sem nada responder. Dali a pouco, voltou trazendo uma bacia com água e uma toalha. O mestre lavou o rosto e enxugou-se em silêncio. Depois, Daie e Gyozan sentaram em ante uma mesinha e ficaram conversando sobre assunto diversos, tomando chá.

Pouco depois, Kyogen, outro discípulo, aproximou-se e perguntou:

"O que estão fazendo?"

"Estamos fazendo uma competição com nossos poderes sobrenaturais", respondeu o Mestre, "Queres participar?"

Kyogen retirou-se calado e logo depois retornou trazendo uma bandeja com doces e biscoitos.

O Mestre Daie então dirigiu-se aos seus dois discípulos, e exclamou:

"Na verdade, vós superais em poderes sobrenaturais Sariputra, Mogallana e todos os discípulos de Buddha!"

 

 

 

Chá ou Paulada

 

Certa vez Hakuin contou uma estória:

"Havia uma velha mulher que tinha uma casa de chá na vila. Ela era uma grande conhecedora da cerimônia do chá, e sua sabedoria no Zen era soberba. Muitos estudantes ficavam surpresos e ofendidos que uma simples velha pudesse conhecer o Zen, e iam à vila para testá-la e ver se isso era mesmo verdade.

"Toda vez que a velha senhora via monges se aproximando, ela sabia se eles vinham apenas para experimentar o seu chá, ou para testá-la no Zen.

Àqueles que vinham pelo chá ela servia gentil e graciosamente, encantando-os.

Àqueles que vinham tentar saber de seu conhecimento do Zen, ela escondia-se até que o monge chegasse à porta e então lhe batia com um tição.

"Apenas um em cada dez conseguiam escapar da paulada..."

 

 

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publicado por VANDOVSKY às 18:56

A hora do chá

Domingo, 20.11.11

 

A popularidade do chá cresceu tanto nos últimos dois mil anos que actualmente o seu consumo só é superado pela água. Este tesouro para a saúde e para o paladar foi zelosamente guardado pelos imperadores durante muitos séculos, até que os destemidos mercadores holandeses e britânicos começaram a importá-lo para o Ocidente.

 

 

 

 

Entre as inúmeras variedades de chá existentes,  as quais se distinguem pela sua origem e pela forma como são processadas, destacam-se os chás verde e branco, devido aos prodigiosos efeitos benéficos para a saúde.

  

 

Chá verde

Obtém-se pondo o chá a secar para eliminar a humidade da folha, inibindo-se assim a fermentação. É o mais consumido na China e no Japão.

Oferece um aroma mais delicado e vegetal do que os restantes. Tem muito pouca teína.

 

Variedades de chá verde:

Bancha, Genmaicha, Gunpowder, Kokeicha, Lung ching, Matcha, Sencha, Chá mu.

 

 

Chá branco

Cultiva-se em alguns lugares da China. É ligeiramente fermentado e produz uma infusão de cor muito pálida. Os rebentos são apanhados à mão durante apenas dois dias na Primavera. São precisos uns 80.000 rebentos para produzir apenas 250 grs de chá. Oferece um sabor e um aroma muito mais suaves do que os restantes e também contém menos teína.

 

Variedades de chá branco:

Shou mei, Pai hao yin chin e Pai mu tan.

 

 

O chá foi introduzido na Europa pelos portugueses no século XVI. Um dos hábitos mais tipicamente britânicos, o "chá das cinco", foi introduzido na corte inglesa por Catarina de Bragança, princesa portuguesa, filha de D. João IV, quando esta casou com Carlos III de Inglaterra.

 

O dote de Catarina foi determinante para o futuro imperial da Inglaterra e o chá iria mudar para sempre a vida dos seus súbditos, tornando-se um elemento indissociável da sua personalidade e da sua maneira de ser. Ao ritual do "chá das cinco" estão associados os tradicionais scones e a marmalade, esta última também introduzida por Catarina de Bragança.

 

Bibliografia:

"Paixão pelo Chá"

Circulo de Leitores - Outubro 2009

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publicado por VANDOVSKY às 23:43





      

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