Vandovsky
Um resto de tudo
Bolos da Páscoa
Vulgarmente conhecidos por "Folar da Páscoa", mas tradicionalmente tratados entre os locais por "Bolos da Páscoa", esta é a receita típica da aldeia histórica de Castelo Novo. Não há Páscoa sem haver estes deliciosos bolos... Uma semana antes começa a azáfama das moradoras desta aldeia, de forma a combinar horários no forno comunitário.
RECEITA
12 ovos
2/5 dl de azeite
1 dl de aguardente
1 cl chá canela
2 dl leite
350 grs açúcar
20 grs fermento padeiro
1 cl chá pó royal
farinha qb (cerca de 1/5 kg)
Batem-se muito bem os ovos, junta-se o açúcar e de seguida os restantes ingredientes. Vai-se juntando pouco a pouco a farinha e batendo sempre até a massa fazer bolhas. Deixa-se de deitar farinha quando a massa começar a ficar consistente e a despegar do fundo do alguidar. Cobre-se a massa com um cobertor quente e coloca-se o alguidar no local aquecido, até a massa duplicar o volume (cerca de 5 a 7 horas). Depois de a massa finta tendem-se pequenos bolos que ficam mais duas horas a fintar, no mesmo local. Quando os bolinhos duplicarem o volume levam-se e a cozer em forno temperado.
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Outros olhares da minha aldeia III
Para terminar, por agora, esta viagem que tenho vindo a fazer, pela Aldeia Histórica de Castelo Novo, apresento aqui diversas perspectivas do aglomerado habitacional... e não só!!
Casario Típico
Capela de Sant'Ana e São Joaquim
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Outros olhares da minha aldeia II
No sopé da Serra da Gardunha, assente sobre um cabeço, a aldeia histórica de Castelo Novo beneficia da dualidade de uma magnífica paisagem em todo o seu redor... desde o cume da serra, marcado pelo cabeço da Penha, até aos campos longínquos que se estendem pelo planalto, a perder de vista.
Pormenor aproximado do cabeço da Penha
Pelos recantos da serra podemos encontrar inúmeras ruínas daquelas que já foram, em tempos, habitações de um povo que não se consignava ao núcleo urbano, mas que, talvez até em maior número, se fixava nos arredores do povoado, onde, além da habitação, tinham também as terras para tratar e os palheiros para guardar o gado.
Uma aldeia rica em água - ainda hoje muita gente se desloca, regularmente, até cá apenas com o propósito de se abastecer deste precioso líquido, que nasce na serra e precorre quilómetros, beneficiando uma vasta área.
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Outros olhares da minha aldeia I
Casa da Família Correia de Sampaio Roquete - Pormenor do painel de azulejo na parede exterior
Levada - Canal de irrigação
As casas, marginando quase continuamente as ruas, adaptam-se ao terreno. As mais antigas são construídas em granito apresentando uma planta rectangular, embora sem grande regularidade, dominando a tipologia de dois pisos. Na maioria dos casos o rés-do-chão é parcialmente enterrado. Estas casa raramente excedem os 4,5 metros de frente, harmonizando-se com a largura dos arruamentos, conferindo-lhes uma escala perfeita.
Lagariça
"Lagariça a nomeiam. Podia chamar-se lugar da Amizade, terra de Castelo Novo"
José Saramago, in "O Viajante"
A Lagariça é um dos símbolos de associativismo que existiu em Castelo Novo. Situa-se junto da via pública, a caminho da Quinta do Alardo, no cimo do morro, para onde se sobe por 6 degraus, já gastos pelo tempo. Configurando-se como uma grande concha cavada no granito, com as dimensões de 4X3 metros, aproximadamente.
Pelas ruas da aldeia
Casario rural
Pormenor de um cabeço, casario rural avistando o cabeço da penha, Serra da Gardunha
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Parabéns Pintor Barata Moura
O Pintor no seu atelier, em Lisboa
Nascido na aldeia histórica de Castelo Novo, concelho do Fundão, no dia 9 de Janeiro de 1911, filho de José Nunes Moura e Maria Gonçalves Barata, o Pintor Barata Moura completa hoje... 100 anos de vida.
A sua aprendizagem artística foi feita em Lisboa - na Escola de Artes Aplicadas e na Escola António Arroio - para onde migrou aos 17 anos. No entanto, fortemente arraigado à sua terra natal, a passagem dos anos e os ares da cidade não desvaneceram os laços de profundo afecto que ligavam o Artista aos víveres modestos das gentes da região onda nascera, não porque aí possuísse bens materiais, mas porque desta recebeu marcada influência vivencial, espiritual, moral e mesmo intelectual, do berço até hoje.
O Pintor, durante a sua participação na FACIF, Fundão (1986)
Apesar de ter vivido num meio artístico muito vincado pelas correntes da época, foi sempre um apologista da pintura simples. Pintava a natureza e sobretudo as paisagens da sua terra natal, sem recurso às correntes estéticas vigentes.
Castelo Novo - As escadas da bica (1998)
Durante a sua vida artística terá pintado mais de cinco mil quadros. A grande maioria das suas obras foi vendida a particulares nacionais e estrangeiros durante as inúmeras exposições que realizou.
Castelo Novo - Rua de Santana (1995)
As telas pintadas ao longo de uma vida resultam das mais belas paisagens e do património da Beira Baixa. São os casos dos Pelourinhos da Beira. Da obra de Barata Moura merece também nota a presença das imagens do rio Tejo.
Natureza morta - a nossa prenda de casamento (1995)
Em 28 de Junho de 1947 casa com Adriana Rodrigues, autora de estudos publicados sobre o pintor:
"O Pintor Barata Moura - O homem e a obra... até 1994"
Edição da Associação dos Bombeiros Voluntários do Fundão
Comemoração do 67º aniversário - Junho de 1994
"O Mundo do Pintor Barata Moura"
Edição da Câmara Municipal de Alcochete
Julho de 1995
"... O "seu" Castelo Novo e a Serra da Gardunha podem considerar-se como outro pai e outra mãe para ele. Amou-os, desde criança e ama-os, com autêntica veneração filial. Não havendo podido satisfazer, até hoje, o seu contido desejo de pintar o retrato dos progenitores, não têm conta já os quadros da serra e da aldeia, seu berço...."
Adriana Rodrigues.
O Pintor Barata Moura aos 85 anos junto à Igreja de Nossa senhora da Vida, Alcochete - Olha o seu mundo onde ele ainda recria a própria imagem - óleo de 1995.
Não sigo modas
As modas passam
Pinto como sinto
Não procuro fantasias
Sou como sou
Aprecio todas as correntes artísticas sem as tentar imitar
Uma arte uniforme faz desaparecer a verdadeira Arte
Admiro todos os artistas que sejam Sinceros, Trabalhadores e com Personalidade
(Do Manifesto Pessoal)
Fontes:
Blog Centro de Portugal
http://centrodeportugal.blogspot.com
Jornal do Fundão
Blog Castelo Branco – o Albicastrenese
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Doce típico da Beira Baixa
A odisseia dos Bolos de Leite, doce típico da Beira Baixa
A necessidade de bater bem os ovos com o açúcar
A junção dos vários ingredientes
A mistura vigorosa e homegénea da massa
A verificação da consistência do preparado.
Entretanto deita-se o forno a arder para que atinja a temperatura ideal.
Polvilham-se as latas que já se usavam no tempo dos meus avós.
Divide-se a massa uniformemente pelas latas.
Pincela-se com ovo e polvilha-se com açúcar
Os bolos dentro do forno, quase no final da sua cozedura.
Quase, quase prontinhos para sair do forno.
Ei-los cozidos, prontos a serem guardados ou consumidos
Apetitosos...
Deliciosos...
Maravilhosos...
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Aldeias Históricas... e não só
O mês de Setembro de 2009 iniciou-se com uns dias de férias... Os últimos do ano...
E indo ao encontro da família, decidimos passar esses dias pela Beira Baixa, aproveitando para fazer um reconhecimento pelas Aldeias Históricas, que sempre merecem a nossa atenção, e têm tanto para contar e recordar...
CASTELO NOVO
A aldeia do nosso coração, em que o sinónimo predominante é reencontrar a família e recordar a nossa infância... O tempo dos nossos avós, (as velhas casinhas ainda existem, embora em ruínas), impera o saudosismo e as raízes familiares... O lugar da nossa estada...
Uma aldeia onde se pode desfrutar da frescura das águas do Alardo e do ar saudável da Gardunha. Na fonte dos antigos Paços do Concelho pode refrescar-se até à alma. Regozija-se pela aldeia e não esqueça de ver as casas de pedra muito limpas e decoradas com sardinheiras nos parapeitos.
É aqui que se tecem as típicas colchas e os famosos bonecos articulados. Não irá querer partir…
Em plena Beira Baixa, Castelo Novo localiza-se na meia-encosta leste da serra da Gardunha, a 703 m de altitude, entre duas ribeiras.
Tendo como ponto de partida esta rica aldeia, iniciamos o nosso passeio por:
IDANHA-A-VELHA
(A antiga Egitânia Romana)
Aldeia ou livro? Idanha guarda histórias de batalhas e dos guerreiros que nelas combateram. Os que ainda aqui subsistem esforçam-se para fazer da aldeia um local desejado para se visitar.
Todas as casas são de traça original. A Sé e as Ruínas são mantidas como jóias delicadas, sendo alvo de todos os cuidados e protecção necessários. A herança Romana, a ponte sobre o rio Ponsul e a Torre de Menagem dos Templários são alguns dos elementos atractivos que Idanha tem para lhe oferecer.
O Museu
SORTELHA
(Anel de Pedra)
Sortelha é acima de tudo uma aldeia de granito tipicamente medieval, fechada por um anel de muralhas e vigiada por um castelo altaneiro do Séc. XIII.
Ao subir-se a calçada (romana?) que conduz a Sortelha, notam-se os grandiosos penedos que se erguem à direita, como que a anunciar a fortaleza da vila noutros tempos.
As muralhas, perfeitamente conservadas e sem danificações, abrem-se numa porta de arco em ogiva para deixar passar o trânsito. Lá dentro sente-se os séculos recuarem ao comtemplar-se a torre de menagem dinisiana do castelo ou o elegante pelourinho manuelino, encimado pela esfera armilar.
Na igreja, templo modesto mas rico, do século XVI, o tecto mudéjar merece atenta observação. As ruas e casa, com o cunho do passado, como aquela que ostenta na verga da porta uma inscrição árabe, denunciam todo o tradicionalismo, a justificar o título de aldeia-museu.
Dentro das antigas muralhas, estão casas de pedra eximiamente recuperadas. A cada esquina ouvem histórias sobre o lendário rural. As suas ruas são estreitas e sobem aos montes que crescem em redor da aldeia. Das muralhas podem ver-se campos cultivados e as casas das aldeias vizinhas.
A história de Sortelha é muito intrigante, mas os seus mistérios e as senhoras que fazem cestas de bracejo para matar a solidão, prendem-nos a esta pequena aldeia.
A cabeça da velha
A casa da cerca
CASTELO MENDO
Castelo Mendo foi sede de um concelho extinto pela reforma administrativa do século XIX. Chega-se aqui através de uma estrada estreita e de curvas apertadas. À chegada, deparamo-nos com a fortaleza medieval, toda ela abraçada por montes verdejantes e vales férteis. Depois de transpormos as portas, entra-se num mundo antigo: são as casas de pedra com alpendres das gentes pobres, casas que hoje têm outra vida.
A aldeia mantém-se alheia ao progresso e vive na sua solidão entre ruas mudas e casas vazias. Contudo este isolamento faz de Castelo Mendo um paraíso perdido na montanha.
Aqui pode passar uma boa tarde, deliciando-se com um bom queijo de cabra e pão feitos como manda a tradição. Situada na ala sudoeste do concelho da Almeida, do qual dista 19 Km, a aldeia medieval de Castelo Mendo encontra-se implantada sobre um maciço granítico, a 756m de altitude. Quase inacessível dos lados nascente, sul e poente, a aldeia domina uma paisagem agreste e recortada.
ALMEIDA
Dos tempos mais remotos não restam apenas casa de pedra. A estrela de pedra forte e magnânima, resiste ao tempo e àqueles que ficavam após as sucessivas invasões. Junto ás muralhas, existem hoje flores e jardins. As casas dormem por detrás dos altos muros de aldeia, estando como que protegidas. Observada por vista aérea, Almeida (como é conhecida entre os seus habitantes), tem a forma de uma estrela, imponente na paisagem que protegeu os povos remotos. Hoje são as tradições que se tentam proteger, neste local histórico e belo. Nas ruas de calçada, pode passear e cheirar o aroma que vem de cada cozinha, observar as antigas casas brasonadas e ouvir lendas da antiga povoação.
Idanha-a-Velha localiza-se a 15 Km da vila de Idanha-a-Nova (sede de concelho), a 12 Km da aldeia de Monsanto e a 31 Km das Termas de Monfortinho.
CASTELO RODRIGO
Aldeia que combateu as guerras reais, sobreviveu, e hoje luta para manter a sua beleza arquitectónica, mesmo em ruínas. No topo das suas muralhas temos uma magnífica vista que vai desde a Serra da Estrela até Espanha.O seu encanto maior está nas gentes que nos recebem. Todos os muros de pedra que dividem os campos transmitem segurança e sensação de alegria porque tudo está no seu lugar. Quem visita esta aldeia sente-se um Senhor Feudal, sem que seja só por um dia.
MONSANTO
Encontra-se na encosta da Serra e lá nasceram grandes penedos. As sardinheiras dão cor às casas granítica. Ao êxodo escaparam apenas as gentes mais velhas, e são estas que dão encanto ao lugar. Caminhando pelas ruas vemos portas de pedra e janelas de madeira pintadas de branco.
O seu castelo começou por ser um castro lusitano; depois foi restaurado pelos Romanos, e, após as lutas da Reconquista, foi reconstruíndo por Gualdim Pais, grão-mestre dos Templários. Resistiu heroicamente a muitos combates, e só em 1704 foi conquiatado pelo duque de Berwick, comandante dos exércitos de Filipe V, após a morte de todos os defensores, incluindo o governador. Retomado pouco depois pelo marquês de Minas, este matou toda a guarnição inimiga por não ter sabido respeitar as tradições de heroísmo da praça. Foi esse o último combate que ali se travou, e o estado de ruína em que o castelo se encontra deve-se a uma explosão no paiol da pólvora no início do século XIX.
Percorrer as ruas de Monsanto é uma experiência de descoberta, pois os enormes pedrugulhos, alguns de equilíbrio aparentemente instável, fazem parte integrante da aldeia. Na rocha viva só foram talhados os degraus e os bebedouros para o gado, e os penedos estão de tal modo ligados às habitações que tanto lhes servem de chão como de paredes, e mesmo, em alguns casos, de telhado.
Entre as casa encontram-se espaços, minúsculos quintais-hortas, com divisórias de pedra que serviam de furdas e de galinheiros. Homens e animais viveram aqui, ao longo dos séculos, uma existência dura e difícil.
Poder-se-ia supor que o abastecimento de água constituísse problema, mas no cimo desta terra pedregosa abundam as nascentes. Há mais de uma dúzia de fontes, e muitas são as casas que têm o seu próprio poço.
No sopé do monte encontra-se em ruínas uma magnífica capela românica - S. Pedro de Vila Corça – dividida em três recintos independentes, onde, segundo os usos da época, se realizavam as audiências judiciais.
Sob o campanário da ermida ainda existe uma pequena gruta onde, de acordo com a lenda, viveu no tempo dos Godos um santo ermita.
Monsanto dista cerca de 25 Km de Idanha-a-Nova, sede do concelho. O acesso a esta localidade faz-se pela Estrada Nacional 239 e pela Estrada Municipal 567.
PENHA GARCIA
Situa-se na encosta sul da serra de Penha Garcia, na qual se pode encontrar, com relativa facilidade, enorme variedade de fósseis animias. Muito próximo nasce o rio Ponsul. Vale a pena subir até ao castelo, admirar um conjunto importante de antigas casas de xisto e pelourinho.
Este pelourinho tem o escudo de D. Sebastião e encontra-se assinado pelos seus escultores: Estevão Simão e Domingos Fernandes.
PIODÃO
Típica aldeia da Beira Serrana, com o casario trepando a encosta, as casa de xisto de Piodão, telhadas das mesmas lages, dão-lhe esse ar de pureza rústica que já falta a outras suas congéneres.
À volta estendem-se, em socalcos, as pequenas terras de cultivo. Passa-lhe perto a antiga Estrada Real de Coimbra-Covilhã. Lá mais para cima está a serra e, ao fundo, a ribeira.
Piódão é sem duvida uma das mais bonitas aldeias de Portugal. Classificado como imóvel de interesse público a partir de 1978, beneficiou assim de alguma protecção.
Mas só a partir da sua integração no projecto das Aldeias Históricas de Portugal, o Piódão viu o seu conjunto urbanístico salva guardado. A aldeia tem um traçado e uma disposição típica de um povoamento de montanha. Abrigadas dos ventos dominantes, as casas trepam pela encosta acima. Os materias de construção são aqueles que a serra oferece: xisto e madeira. As paredes têm duas camadas, uma exterior com pedras maiores e uma interior com pedras mais pequenas. Os telhados têm uma ou duas águas, chegando a ter quatro graus de inclinação média.
O azul que pinta as portas e janelas é outro dos mistérios ainda por resolver. Ninguém sabe ao certo a razão. São várias as explicações, mas a mais conhecida prende-se com o isolamento da aldeia e com a chegada de uma lata de tinta azul. Não havendo escolha, o azul impôs-se e é actualmente parte integrante do conjunto arquitectónico da aldeia do Piódão.
Foz d'Égua
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Momentos
Colo da serra
Uma casinha qualquer
No colo da serra
Um palmo de terra
Pra se plantar
O colo de uma mulher
Uma companheira
Uma brasileira
Pra se amar
Se eu tiver que lutar
Vou é lutar por ela
Se eu tiver que morrer
Vou é morrer por ela
E se eu tiver que ser feliz
Você vai ter que ser feliz também!
Homens vieram da noite
Em gritos de guerra
Feriram a terra
O céu e o mar
Homens ficaram no chão
Mirando as estrelas
Mas sem poder vê-las
No céu brilhar
E o que mais prometer
Aos herdeiros da vida?
E que versos fazer
À mulher concebida?
E quando alguém morrer assim
Vai ser a morte para mim também!
E que versos fazer
À mulher concebida?
Se eu tiver que morrer
Vou morrer pela vida!
Se eu tiver que morrer
Vou morrer pela vida!
Vinicius de Moraes
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Receitas da Beira Baixa
Papas de carolo
Ingredientes
3 chávenas de chá de água
3 chávenas de chá de leite
1 chávena de chá de carolo (sêmola de milho)
1/2 chávena de arroz
1 chávena de chá de açúcar
1 colher de sopa de farinha de trigo
1 casca de laranja
1 pitada de sal
Põe-se água a ferver com a casca de laranja e o sal. Passa-se por água o carolo juntamente com o arroz e deita-se na água que já está a ferver. Deixa-se cozer lentamente mexendo sempre com uma colher de pau, para que não pegue. Quando o arroz tiver cozido, não demasiado, junta-se o leite com a farinha de trigo desfeita neste e continua-se a mexer até levantar fervura, se ficar demasiado espesso pode-se juntar mais um pouco de leite e deixa-se levantar fervura novamente. Tira-se do lume e mistura-se o açúcar. Deita-se o preparado numa tigela e polvilha-se com canela.
Bolos de leite
Ingredientes
1 Kg de açúcar
12 ovos
7,5 dl de azeite
7,5 dl de leite
3 kg de farinha aproximadamente
1 cl sobremesa de canela
1 cl de chá de feremento em pó
2,5 dl aguardente
Batem-se os ovos com o açúcar. Junta-se a canela, o azeite, o leite e aguardente. De seguida vai-se juntando a farinha e amassando com a mão até obter uma massa consistente, mas que não fique muito seca, para que os bolos fiquem mais macios depois de cozidos. Deitam-se colheres num tabuleiro untado e polvilhado com farinha, pincela-se os montinhos de massa com ovo batido e colocam-se montinhos de açúcar no centro de cada montinho. Vão a cozer em forno médio durante aproximadamente 15 minutos, até ficarem dourados e rebentadinhos.
Esquecidos
Ingredientes
12 ovos
1 kg de farinha
1 kg de açúcar
Batem-se, muito bem, os ovos com o açúcar, até ficar um creme consistente. De seguida vai-se juntando a farinha aos pouco e envolvendo muito bem. Num tabuleiro untado e polvilhado com farinha vão-se colocando colheres de massa, deixando um intervalo grande entre eles, para que não colem uns aos outros. Vão a cozer em forno médio durante aproximadamente 15 minutos, até ficarem alourados.
Borrachões
1 litro de azeite
1/2 litro de vinho branco
1 kg de açúcar
1/2 litro de aguardente
farinha quanto baste
Misture o azeite com açúcar e mexa com uma colher de pau até desfazer o açúcar. Junte o vinho e a aguardente. Vá juntando a farinha e amassando com a mão até enxugar a massa. Esta deve ficar enxuta. Tire um pouco de massa que estende na pedra com o rolo ficando com 1 cêntimetro de altura. Corte pequenos rectângulos com uma carreta que se colocam num tabuleiro untado com óleo e polvilhado com farinha. Barram-se com ovo batido e picam-se com um garfo. Levam-se a cozer em forno médio durante 15 minutos aproximadamente, até ficarem louros.
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A minha Aldeia
Aglomerado Urbano de Castelo Novo, situado no sopé leste da serra da Gardunha. Freguesia de Castelo Novo, concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco.
O povoamento deste local remonta ao Neolítico e Calcolítico, mantendo-se pelas idades do Bronze e do Ferro, tendo-se consolidado durante a ocupação romana. A povoação aparece pela primeira vez referenciada num documento datado do princípio da nacionalidade.
A designação de Castelo Novo parece estar relacionada com a existência de um anterior castelo, substituído pelo actual. Este novo castelo aparece referenciado num documento de 1223. Em 1510. D. Manuel I outorgou-lhe novo foral. No século XIX o concelho foi extinto e integrado no de Alpedrinha, pertencendo desde 1885 ao concelho do Fundão.
Uma casinha perdida, em plena serra da Gardunha, onde eu passava parte das minhas férias da Páscoa, e por vezes um período do mês de Setembro.
Uma vida completamente livre, onde reinavam os animais: uma cadela que nos vinha dar os bons dias à cama, umas cabritas que levávamos a pastar enquanto mimávamos os seus filhotes, que não nos largavam... Os grilos que apanhávamos e que levávamos para casa, proporcionando-nos uma enorme sinfonia durante toda a noite...
Pelourinho de Castelo Novo situado no Largo da Praça, está classificado de Imóvel de Interesse Público, pelo Dec. 23122 de 11/10/1933.
Possivelmente coevo da carta de foral concedida à povoação em 1510 por D. Manuel I, e da renovação então efectuada nos Castelo e nos Paços do Concelho, assenta num alto soco octogonal de seis degraus. O fuste, sem plinto, compõe-se de duas secções, sendo a inferior oitavada e lisa, e a superior estriada e ornada com bosantese elementos fitomórficos. O capitel ornado por meias esferas e flores-de-lis, conserva ainda os ferros das forcas. O bloco de remate, octogonal, encimado por uma pirâmide decorada com trifólios, apresenta em duas faces a cruz de Cristo e, nas restantes, a esfera armilar e o escudo nacional.
Os velhos Paços do Concelho delimitam o lado poente do histórico largo principal da aldeia, espaço onde se implantam o pelourinho e o solar dos Gamboas. Adossado à fachada principal do monumento, ergue-se um chafariz em estilo barroco joanino e, por detrás, ergue-se a torre de menagem do castelo medieval, convertida em torre sineira e dotada de um relógio.
Embora ostente as armas de D. Manuel, que denunciam uma intervenção arquitectónica ocorrida nesse reinado, a antiga Casa da Câmara tem origens muito mais antigas, remontando, possivelmente, ao século XIII. Perdeu a sua função de sede municipal com a extinção do concelho em 1835. O edifício, de planta rectangular e alçado de cantaria granítica nua, é percorrido na cimalha por uma cornija de onde se projectam seis gárgulas, Na frontaria de dois pisos, embelezada pelo fontanário joanino, abrem-se três arcos plenos sustentando uma longa varanda que serve o primeiro andar. Neste piso superior, rasgado por duas janelas e quatro portas de molduras simples, dispõe-se as armas reais de D. Manuel enquadradas pela cruz de Cristo e pela esfera armilar.
O Chafariz de D. João V adossa-se ao centro da frontaria da Casa da Câmara numa notável composição arquitectónica. É formado por um tanque de secção trapezoidal e por um corpo central, dividido por uma cornija em dois registos. No plano inferior surgem três bicas envoltas por florões. Imediatamente acima da cornija surge um ornamento floral inserido num arco canopial e, sobre este, dispõe-se as armas reais. O conjunto termina numa cornija curvilínea coroada por dois fogaréus.
O pano da muralha voltado a ocidente conserva ainda o adarve (um caminho no topo dos muros de uma fortificação) e merlões (parte saliente de uma muralha ameada), de remate piramidal.
A Serra da Gardunha, situada entre os rios Ponsul e Zêzere abrange parte das freguesias de Alpedrinha, Castelo Novo e São Vicente da Beira. Orientada no sentido NE-SO, mede cerca de vinte quilómetros de comprimento e de dez da largura. A sua altitude máxima é de mil duzentos e vinte e três metros. Das suas cumeadas avistam-se regiões vastíssimas de Portugal e Espanha.
Nesta serra realizaram-se grandes e importantes trabalhos de arborização no tempo do rei Lavrador, D. Dinis. A espécie que mais se plantou foi o castanheiro.
O Largo da Bica, a Praça dos Paços do Concelho e o Largo do Adro, onde se cruzam os arruamentos principais, estruturam o povoado.
O casario é predominantemente habitacional, construído em granito, de dois pisos com funções distintas: a loja no piso inferior e a habitação no superior.
O desenvolvimento do povoado deu-se a partir do castelo, adaptando-se ao desnivelamento do terreno, configurando uma malha de cariz medieval com ruas sinuosas.
Os ventos cavalgando os penedos
Abrem lágrimas nos rostos das giestas.
Límpidas são as arestas e a alma da serra:
Do Sul, as aragens mornas carregam
A luz e os aromas na polpa das cerejas.
Do Norte, os gelos das noites luminosas
Moldam as faces telúricas do homem.
Albano Mendes de Matos
Ventos da Gardunha
“A Serra da Gardunha na hora d’oiro em que o sol se põe, na hora em que se desdobra e desencadeia a sua cavalgada azul, é, não só a mais formosa de todas as serras como porventura a mais misteriosa.
Não se sabe de que efeitos a contra luz crepuscular se aproveita para que surjam sombras que ao longo dos vales estendem e alargam a treva do seu mistério. Nem tão pouco se conhece a razão do prodígio que num momento demuda o azul opalino do seu véu nos tons carregados de ametista em que a Serra expira...” (Rolão Preto, Prefácio do livro Monte das Giestas, Mapone, Atlântida, Ldª – Coimbra)
Á semelhança do que se fez em todo o país, em 1940, também Castelo Novo comemorou o III Centenário da Restauração e o VIII da Independência Nacional, erigindo um padrão comemorativo das duas datas heróicas do povo lusíada.
Era, ao tempo, dirigente da Casa do povo local,o saudoso Padre Augusto José Pereira. O cruzeiro ficou a dever-se-lhe.
O castelo foi erguido no reinado de D. Sancho I, parece que por D. Gualdim Pais, com o fim de, dada a sua implantação privilegiada sobre um cabeço da encosta oriental da serra da Gardunha, assegurar a vigilância e a defesa do acesso ao Nordeste do país. Ampliado e reforçado no reinado de D. Dinis, o castelo acusava já um avançado estado de decadência nos alvores do século XVI, pelo que foi mandado reconstruir por D. Manuel I. Entre 1938 e 1942 foi objecto de obras de conservação promovidas pela DGEMN.
Da fortaleza, parcialmente absorvida pelo crescimento da povoação (para o qual se deverá ter, aliás, recorrido frequentemente à pedraria da fortificação), restam duas torres e alguns troços de muralhas. Mantêm-se também duas das antigas entradas da primitiva cidadela, implantada no ponto mais elevado do outeiro, sobre um afloramento rochoso.
Uma das torres remanescentes foi transformada em sineira. De secção quadrangular e sem construções adossadas, é rasgada por duas portas de verga recta e quatro olhais de arco pleno. No alçado oriental , sob o único olhal guarnecido com um sino, dispõe-se um relógio.
A outra torre, que pelas suas dimensões deveria ser a de menagem, encontra-se muito destruída, mantendo-se de pé apenas um dos seus cunhais.
Podemos ser tão FIÉIS
a um LUGAR
ou a uma COISA
como somos
a uma PESSOA
Andy Warhol
Amor, Amor, Amor (1995)
Bibliografia: Fernando Mota de Mattos e Bruno Eiras
Portugal Património Guia-Inventário, volume V Castelo Branco
Círculo de Leitores
Castelo Novo
Estudo para uma monografia
Mapone (1975)
Música Tradicional da Beira Baixa